quarta-feira, 8 de abril de 2015

A importância da fundação de uma Escola Agrícola

"O que necessitamos mais, porém, no desenvolvimento do ramo industrial de nosso trabalho, é fundar uma Escola Agrícola. O Brasil é essencialmente um país agrícola, e Minas e os estados limítrofes têm a principal fonte de sua riqueza nos produtos do solo. Por isso o que mais preocupa os homens de Estado é a questão agrícola. 

Vistas estas coisas e nossa vontade de cooperar mais eficazmente para o engrandecimento do país, desejamos ardentemente organizar, como parte importante de nosso trabalho industrial, uma modesta Escola Agrícola. Onde há um moço que se destina a uma carreira literária, há cinco ou dez que desejam se preparar para a vida de lavrador. Desejamos, pois, proporcionar a estes rapazes, meios de se prepararem convenientemente para a vida de agricultor. 

Por outro motivo também se nos impõe a necessidade de organizar uma Escola Agrícola. Desde o começo de nosso trabalho educativo em Lavras, nos tem dominado o desejo de colocarmos ao alcance do maior número possível de moços, as vantagens de educação. Quantos vultos eminentes, quantas capacidades raras não se perdem para a Pátria por faltarem aos moços meios de se educarem! Queremos oferecer a todos, educação por preços módicos, e a muitos a oportunidade de se educarem pelos seus próprios esforços. 

Todos os anos temos alguns moços que pagam a suas despesas no Ginásio pelo seu trabalho. Dão semanalmente um certo número de horas de trabalho ao estabelecimento. O número dos que podemos receber assim é naturalmente limitado: desejamos aumenta-lo de ano em ano, e o único meio de realizarmos este nosso desejo, é organizar a Escola Agrícola. 

Vinte e cinco ou trinta rapazes, trabalhando poucas horas por dia, sob a direção de professor competente, produziam grande parte dos gêneros alimentícios de que o estabelecimento precisa; isto diminuiria consideravelmente nossa despesa, e nos habilitaria a receber maior número de alunos por preço mínimos, ou sem outra anuidade além das horas de serviços por eles prestados. Desta maneira, no correr dos anos, avultado número de homens se poderiam preparar para melhor servir à Pátria, que de outra sorte, teriam de passar os seus dias, seguindo a rotina de uma vida acanhada e sem perspectiva. É esta consideração que nos impele a lutar pelo desenvolvimento dos trabalhos industriais e especialmente dos trabalhos agrícolas". 

Samuel Rhea Gammon. 

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