quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Crise na Educação (1895)

A Faísca. Perdões de Lavras, Ano II, n. 54, 11 ago. 1895


As Escolas

Ninguem ignora que nossas escolas estão quasi abandonadas, tal é o descaso da maioria dos professores no concernente ao adeantamento e á moralidade dos alumnos. Ellas estão quasi todas entregues a uns sinecuristas que parecem terem em vista mais cabalar a favor dos candidatos da chapa governamental do que ensinar meninos.

Certo é que elles não se saem mal; o nosso governo quer ter gente sua nas eleições, e fecha complacente os olhos a quanta falcatrua haja, como se proficua á chapa delle.

Donde serem as escolas, viveiros de cidadãos nos paizes civilizados. [falta trecho] de vadios em nosso Estado. Quando qualquer sujeito baldo de meios e falho em bons costumes não se sente disposto a trabalhar, procura logo ser mestre-escola. E como lhe parece inseguro o macio poiso, ella trata de afirmar prestando serviços ao paiz, isto é, abandalhando-se nas eleições. Si consegue dar nas vistas ao governo pejando de cedulas uma urna, ou fazendo uma eleição a bico de pena, póde estar descançado e cochilar ao monotono papaguear da meninada: ninguem conseguirá arrancal-o da cadeira de professor.

Esta intrusão da politica no ensino. [5 linhas ilegíveis]. o povo jaz ignorante, e tende a baixar a bruto porque os pais se recusam a mandar os filhos ás escolas, onde elles aprendem a ser mandriões e se enchem de vicios, além de gastarem annos a papear bobices.

Não teremos um governo que se compenetre de que a instrucção é essencial, e que os paizes onde reinam a ignorancia e a immoralidade caem inevitavelmente nas mãos dos tyrannos e dos phariseus?

  . . .


Na mesma edição encontra-se a frase: “O estudo das lettras equivale ao jejum e o ensino equivale á oração. Inspira sentimentos mais elevados a um coração nobre e inclinações mais humanas aos perversos” (Maomé).

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