quarta-feira, 1 de junho de 2011

Árvore-Monumento (Bi Moreira)

O jornalista e museólogo Sílvio do Amaral Moreira é sempre lembrado como grande defensor e incentivador da cultura de Lavras. Além disso, pode-se dizer que Bi Moreira foi um dos primeiros ambientalistas lavrenses.


Nos anos 1970, quando da primeira fase do “Acrópole” (1975-1980), Bi dedicou nada menos do que seis edições – uma por ano – a temas ambientais.

Destes exemplares, lembramos dois artigos dedicados à árvore Tipuana na Praça Dr. Augusto Silva. Esta árvore, plantada há 102 anos, é um dos cartões postais mais famosos de Lavras e símbolo maior de nosso patrimônio natural. Ela foi também foi objeto de uma querela ambiental em 1979, quando duas grandes pedras representando um monumento à Lei de Deus foram colocadas muito próximas à Tipuana. Na época dizia-se que o local escolhido não fora apropriado, pois danificava as raízes podendo inclusive causar a morte da árvore. Em 1995 a praça foi reformada e na oportunidade as duas pedras foram retiradas, sendo substituídas por placas de acrílico colocadas em frente ao coreto.



No número 24 (set. 1979), o autor publicou uma poesia que escreveu em 1943, intitulada Árvore Monumento:

Diante de tua graça e beleza, tipuana,
Eu fico embevecido, e me inclino e me humilho,
Sentindo a Natureza, augusta, soberana,
Que em ti reflete seu poder, vigor e brilho!

À tua sombra sente a criatura humana
– Que do trabalho segue o árduo e incessante trilho –
Aquela mesma terna e doce paz que emana
Da mãe que abriga e beija e acalenta o filho!

Tua verde folhagem reflete a esperança,
Que vive n’alma e anima o humano coração,
Que nessa busca ou vão procura não se cansa!

E as flores, que te dão beleza e alacriadade,
Caem, ao sopro da brisa atapeando o chão
E espelhando de Deus a eterna majestade!


:-:-:


FILHO E PAI, MÃE E FILHA

O Jardim Municipal, primeiro nome da atual Praça Dr. Augusto Silva, foi inaugurado em 1908. Bi Moreira conta [Acrópole n. 28, set. 1980] que a Tipuana foi plantada pelo engenheiro responsável da obra, Bernardino Maceira, morador na rua D.ª Inácia onde tinha uma estufa anexa ao jardim de sua casa.


Tempos depois seria construída uma outra praça em Lavras, localizada nas imediações do Instituto Gammon. Trata-se da Praça Dr. Jorge, em homenagem ao Dr. José Jorge da Silva, que coincidentemente era o pai do Dr. Augusto José da Silva.

Curiosamente, há também uma Tipuana nesta segunda praça, que foi plantada a partir de uma semente colhida da árvore centenária. Esta inusitada situação “familiar” inspirou Bi Moreira a compor um soneto na primavera de 1980:

Tipuana II

Na praça principal eras semente:
Caíste ao chão e logo germinaste;
Mão moa e amiga, cuidadosamente,
Te transplantou e aqui te enraizaste.

Sob a materna copa, humildemente,
Durante uma estação te agasalhaste;
E agora és tu que, generosamente,
Redistribuis o bem que desfrutaste.

As duas praças lembras pai e filho.
E tu aqui e lá a genetriz,
Ambas servindo com bondade e brilho.

Seguindo o belo e maternal exemplo,
Doas abrigo ao povo que, feliz,
Procura a paz e a sombra deste templo!




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